domingo, 30 de março de 2014

Cooltura_1

‘Quem somos quando avançamos? Que territórios visitamos? Que fronteiras esbatemos?’ Assim se apresenta a obra ‘Matéria’ dos LST Lisboa String Trio. Composto por José Peixoto, Bernardo Couto e Carlos Barretto, a ‘matéria’ elevada chegou-me por e-mail e não resisti a partilhar. Pela consideração que tenho pelo talento de Bernardo Couto e pela osmose do jazz com o fado, aliada à qualidade de José Peixoto e Carlos Barretto, estou muito feliz por ter nascido este projeto nacional. Uma matéria com grande sentido de reinvenção, para a nossa alma tocar o mundo. 
Nas palavras dos LST, numa terra de dialectos de sangue é nessa pureza de uma raça impura que se geram novas formas de expressão para sentimentos intemporais. Novas cores, novos sabores. E é nesta paisagem mestiça que aparecem propostas singulares como a música deste trio. A música equidistante de várias tradições, sem as espelhar mas nelas inspirada, desenvolvendo várias plataformas de intersecção onde os músicos se podem exprimir livremente e semeá-las com as suas identidades. Admitindo que estas duas palavras ou conceitos podem existir sem sobressaltos, ‘jazz” e “português, o  trio atreve-se a construir a sua música nesse contexto poético e subjectivo do que pode ser essa expressão em português ou dentro daquilo que se pode (se se puder) definir como o seu sentir.
Jazz português? Se fado fosse…
  

Relator da ONU: Israel promove ‘colonialismo’, ‘apartheid’ e ‘limpeza étnica’ na Palestina

Violência e terror: A via ucraniana e colombiana para a construção do Império

por James Petras


As duas vias para a construção-do-império do século XXI através-de-terceiros são ilustradas pela violenta tomada de poder na Ucrânia por uma junta, apadrinhada pelos EUA, e pelos ganhos eleitorais de Alvaro Uribe, o senhor da guerra colombiana, protegido pelos EUA. Vamos descrever a 'mecânica' da intervenção dos EUA na política interna destes dois países e os seus profundos efeitos externos – é assim que eles reforçam o poder imperialista numa escala continental.
Intervenção política e regimes alinhados: Ucrânia

A preparação para o golpe. A transformação da Ucrânia num estado vassalo EUA-UE tem sido um longo processo que envolveu, em grande escala e a longo prazo, o financiamento, a doutrinação e o recrutamento de quadros, a organização e formação de políticos e de arruaceiros e, sobretudo, a capacidade de aliar a acção directa com a política eleitoral.

Conquistar o poder é um jogo de apostas altas para o império: (1) a Ucrânia, na mão de clientes, fornece à NATO um trampolim militar no coração da Federação Russa; (2) os recursos industriais e agrícolas da Ucrânia fornecem uma fonte de enorme riqueza para os investidores ocidentais e (3) a Ucrânia é uma região estratégica para a penetração no Cáucaso e para além dele.

Washington investiu mais de 5 mil milhões de dólares para arranjar clientes, na sua maior parte na 'Ucrânia ocidental', em especial em Kiev e arredores, concentrando-se em 'grupos da sociedade civil' e em partidos políticos maleáveis e seus líderes. Em 2004, o 'investimento' político inicial dos EUA na mudança de regime culminou na chamada 'Revolução laranja' que instalou um regime de curta duração pró-EUA-UE. Este, porém, rapidamente degenerou no meio de grandes escândalos de corrupção, gestão danosa e pilhagem oligárquica do erário nacional e dos recursos públicos que levaram à condenação do antigo vice-presidente e à queda do regime. Novas eleições resultaram num novo regime, que tentou manter ligações com os EUA e com a Rússia através de acordos económicos, embora continuasse com muitas das características odiosas (grande corrupção endémica) do regime anterior. Os EUA e a UE, depois de terem perdido em eleições democráticas, relançaram as suas 'organizações de acção directa' com um novo programa radical. Os neofascistas tomaram o poder e instituíram uma junta ditatorial através de manifestações violentas, vandalismo, assaltos armados e acção da populaça. A composição da nova junta pós-golpe reflectiu dois aspectos das organizações políticas apadrinhadas pelos EUA; (1) políticos neoliberais para gerir a política económica e para forjar laços mais estreitos com a NATO, (2) e nacionalistas neofascistas/violentos para impor a ordem pela força e com mão-de-ferro, e esmagar os 'autonomistas' pró-russos da Crimeia, os russos étnicos e outras minorias, em especial no sul e no leste industrializados.

Seja o que for que vier a acontecer, o golpe e a resultante junta estão totalmente subordinados e dependentes da vontade de Washington: não obstante a reivindicação da 'independência' ucraniana. A junta procedeu à purga dos funcionários governamentais eleitos e nomeados, filiados em partidos políticos do anterior regime democrático e à perseguição dos seus apoiantes. O seu objectivo é garantir que as subsequentes eleições manipuladas proporcionem uma suposta legitimidade, e as eleições sejam limitadas a dois conjuntos de clientes imperiais: os neoliberais (auto-intitulados 'moderados') e os neofascistas, rotulados de 'nacionalistas'.

A via da Ucrânia para o poder imperialista através de um regime colaboracionista ilustra os diversos instrumentos da construção do império: (1) o uso de fundos estatais imperialistas, canalizados através das ONG, para grupos políticos de fachada e a montagem duma 'base de massas' na sociedade civil; (2) o financiamento da acção directa de massas que leva a um golpe ('mudança de regime'); (3) a imposição de políticas neoliberais pelo regime cliente; (4) o financiamento imperialista da reorganização e reagrupamento de grupos de acção directa de massas depois da queda do primeiro regime cliente; (5) a transição dos protestos para uma acção directa violenta como o principal pano de fundo para os sectores extremistas (neofascistas) organizarem a tomada do poder e a purga da oposição; (6) a organização de uma 'campanha internacional nos meios de comunicação' para apoiar a nova junta enquanto demoniza a oposição interna e internacional (Rússia); e (7) um poder político centralizado nas mãos da junta, convocando 'eleições manipuladas' limitadas à vitória de um dos dois candidatos pró-junta e pró-imperialistas.

Em resumo, os construtores do império funcionam em vários níveis: violento e eleitoral; social e político; e com operadores seleccionados e rivais empenhados num único objectivo estratégico: a tomada do poder estatal e a transformação da elite dominante em vassalos obedientes do império.

Democracia dos Esquadrões de Morte da Colômbia: Peça central do avanço imperialista na América Latina

Perante o declínio da influência dos EUA em todo a América Latina, a Colômbia destaca-se como um bastião permanente dos interesses imperialistas dos EUA: (1) a Colômbia assinou um acordo de comércio livre com os EUA; (2) ofereceu sete bases militares e convidou milhares de operacionais americanos da contra-insurreição; e (3) colaborou na criação em grande escala de esquadrões de morte paramilitares preparados para ataques transfronteiriços contra a Venezuela, arqui-inimiga de Washington.

A oligarquia dirigente da Colômbia e as suas forças armadas conseguiram resistir à vaga de levantamentos maciços democráticos, nacionais e populares e de vitórias eleitorais que deram origem aos estados pós-neoliberais no Brasil, na Argentina, na Venezuela, no Equador, na Bolívia, no Paraguai e no Uruguai.

Enquanto a América latina avançou para 'organizações regionais' excluindo os EUA, a Colômbia reforçou os laços com os EUA através de acordos bilaterais. Enquanto a América latina reduziu a sua dependência nos mercados dos EUA, a Colômbia alargou os seus elos comerciais. Enquanto a América latina reduziu os seus laços militares com o Pentágono, a Colômbia reforçou-os. Enquanto a América latina avançou para uma maior inclusão social aumentando os impostos sobre as multinacionais estrangeiras, a Colômbia baixou os impostos a essas empresas. Enquanto a América latina expandiu a colonização de terras para as suas populações rurais sem terra, a Colômbia deslocou mais de 4 milhões de camponeses, no âmbito da política contra-insurreição de 'terra queimada', traçada pelos EUA.

A 'excepcional' submissão inabalável da Colômbia aos interesses imperialistas dos EUA tem raízes em vários programas de grande escala e a longo prazo traçados em Washington. Em 2000, o presidente Bill Clinton comprometeu os EUA num programa contra-insurreição de 6 mil milhões de dólares (Plano Colômbia) que aumentou enormemente a brutal capacidade repressiva da elite colombiana para confrontar os movimentos populares de base de camponeses e trabalhadores. Juntamente com armamento e treino, as Forças Especiais e as ideologias americanas entraram na Colômbia para desenvolver operações terroristas militares e paramilitares – destinadas principalmente para penetrar e dizimar a oposição política e os movimentos sociais da sociedade civil e assassinar activistas e líderes. Alvaro Uribe, apadrinhado pelos EUA, um conhecido narcotraficante e a própria personificação de um vassalo imperialista desumano, tornou-se o presidente duma 'Democracia de Esquadrões de Morte'.

O presidente Uribe militarizou ainda mais a sociedade colombiana, trucidou os movimentos da sociedade civil e esmagou qualquer possibilidade de um renascimento democrático popular, como os que estavam a ocorrer em todo o resto da América latina. Foram assassinados, torturados e encarcerados milhares de activistas, sindicalistas, defensores dos direitos humanos e camponeses.

O 'Sistema Colombiano' aliou o uso sistemático de paramilitares (esquadrões da morte) para esmagar os sindicatos locais e regionais e a oposição camponesa com a 'tecnificação' e a massificação das forças armadas (mais de 300 mil soldados) na luta contra a insurreição popular e para 'limpar o terreno' de simpatizantes rebeldes. Muitos milhares de milhões de dólares do tráfico da drogas e da lavagem de dinheiro formaram a 'cola financeira' para cimentar uma forte relação entre oligarcas, políticos, banqueiros e conselheiros americanos da contra-insurreição – criando um terrível estado policial com alta tecnologia nas fronteiras da Venezuela, do Equador e do Brasil – países com substanciais movimentos de massas populares.

A mesma máquina de estado terrorista, que dizimou os movimentos sociais pró-democracia, protegeu, promoveu e participou em 'eleições encenadas', a marca da Colômbia enquanto 'democracia de esquadrões de morte'.

As eleições realizam-se ao abrigo de uma vasta rede sobreposta de bases militares, em que os esquadrões da morte e os traficantes de droga ocuparam cidades e aldeias intimidando, aterrorizando e 'corrompendo' o eleitorado. O único protesto 'seguro' nesta atmosfera repressiva tem sido a abstenção. Os resultados eleitorais são pré-estabelecidos: os oligarcas nunca perdem nas democracias de esquadrões de morte, são eles os vassalos de maior confiança do império.

Os efeitos cumulativos da purga sangrenta, que durou década e meia, da sociedade civil colombiana pelo presidente Uribe e pelo seu sucessor, Santos, foram eliminar qualquer oposição eleitoral consequente. Washington conseguiu o seu ideal: um estado vassalo estável; umas forças armadas de grande escala e obedientes; uma oligarquia ligada às elites empresariais dos EUA; e um sistema 'eleitoral' controlado apertadamente que nunca permite a eleição de um opositor genuíno.

As eleições colombianas de Março de 2014 ilustram brilhantemente o êxito da intervenção estratégica dos EUA em colaboração com a oligarquia: a grande maioria do eleitorado, mais de dois terços, absteve-se, demonstrando a ausência de qualquer real legitimidade entre os votantes elegíveis. Entre os que 'votaram', dez por cento apresentaram boletins nulos ou em branco. A abstenção dos votantes e os votos inutilizados foram especialmente elevados nas áreas da classe trabalhadora que tinham sido sujeitas ao terrorismo do estado.

Dada a intensa repressão do estado, a massa dos votantes decidiu que nenhum partido autêntico pró-democracia teria qualquer hipótese e por isso recusaram-se a legitimar o processo. Os 30% que votaram foram principalmente colombianos da classe urbana média e alta e os residentes nalgumas áreas rurais totalmente controladas por narcotraficantes e militares onde a 'votação' pode ter sido 'compulsiva'. De um total de 32 milhões de votantes elegíveis na Colômbia, 18 milhões abstiveram-se e mais 2,3 milhões apresentaram boletins inutilizados. As duas coligações oligárquicas dominantes chefiadas pelo presidente Santos e pelo ex-presidente Uribe obtiveram apenas 2,2 milhões e 2,05 milhões de votos, respectivamente, uma fracção do número dos que se abstiveram. Nesta farsa eleitoral, amplamente criticada, os partidos centro-esquerda e esquerda deram um espectáculo miserável. O sistema eleitoral da Colômbia põe um revestimento de propaganda num estado vassalo perigoso, altamente militarizado e preparado para desempenhar um papel estratégico nos planos dos EU para 'reconquistar' a América latina.

Duas décadas de terror sistemático, financiado por um programa de militarização de seis mil milhões de dólares, garantiram que Washington não encontrará qualquer oposição substancial na assembleia legislativa ou no palácio presidencial em Bogotá. Isto é o 'aroma acre do êxito, com laivos de pólvora' para os políticos dos EUA: a violência é a parteira do estado vassalo. A Colômbia foi transformada num trampolim para o desenvolvimento de um bloco comercial centrado nos EUA e uma aliança militar para sabotar as alianças regionais bolivarianas da Venezuela, como a ALBA e a Petro Caribe, assim como a segurança nacional da Venezuela. Bogotá vai tentar influenciar os regimes vizinhos de direita e centro-esquerda, pressionando-os para aderirem ao império dos EUA contra a Venezuela.

Conclusão

A organização da subversão em grande escala e a longo prazo na Ucrânia e na Colômbia, assim como o financiamento de organizações paramilitares e da sociedade civil (ONG), têm possibilitado a Washington:   (1) construir alianças estratégicas;   (2) montar ligações a oligarcas, políticos maleáveis e assassinos paramilitares e   (3) aplicar o terrorismo político para a sua tomada de poder estatal. Os planeadores imperialistas criaram assim 'estados modelo' – desprovidos de opositores consequentes e 'abertos' a eleições de farsa entre políticos vassalos rivais.

Golpes e juntas, orquestrados por políticos mandatados de longa data, e estados fortemente militarizados dirigidos por 'Executivos de Esquadrões da Morte' são legitimados por sistemas eleitorais destinados a expandir e reforçar o poder imperialista.

Ao tornar impossíveis os processos democráticos e as reformas populares pacíficas e ao derrubar governos independentes, democraticamente eleitos, Washington está a tornar inevitáveis guerras e levantamentos violentos.
 

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/


aqui:http://resistir.info/petras/petras_19mar14_p.html 

Venezuela: Derrotar o fascismo antes que seja demasiado tarde

Confronto global após Síria e Ucrânia

Violência e terror: A via ucraniana e colombiana para a construção do Império

por James Petras 

As duas vias para a construção-do-império do século XXI através-de-terceiros são ilustradas pela violenta tomada de poder na Ucrânia por uma junta, apadrinhada pelos EUA, e pelos ganhos eleitorais de Alvaro Uribe, o senhor da guerra colombiana, protegido pelos EUA. Vamos descrever a 'mecânica' da intervenção dos EUA na política interna destes dois países e os seus profundos efeitos externos – é assim que eles reforçam o poder imperialista numa escala continental.
 
Intervenção política e regimes alinhados: Ucrânia 

A transformação da Ucrânia num estado vassalo EUA-UE tem sido um longo processo que envolveu, em grande escala e a longo prazo, o financiamento, a doutrinação e o recrutamento de quadros, a organização e formação de políticos e de arruaceiros e, sobretudo, a capacidade de aliar a acção directa com a política eleitoral.

Conquistar o poder é um jogo de apostas altas para o império: (1) a Ucrânia, na mão de clientes, fornece à NATO um trampolim militar no coração da Federação Russa; (2) os recursos industriais e agrícolas da Ucrânia fornecem uma fonte de enorme riqueza para os investidores ocidentais e (3) a Ucrânia é uma região estratégica para a penetração no Cáucaso e para além dele.

Washington investiu mais de 5 mil milhões de dólares para arranjar clientes, na sua maior parte na 'Ucrânia ocidental', em especial em Kiev e arredores, concentrando-se em 'grupos da sociedade civil' e em partidos políticos maleáveis e seus líderes. Em 2004, o 'investimento' político inicial dos EUA na mudança de regime culminou na chamada 'Revolução laranja' que instalou um regime de curta duração pró-EUA-UE. Este, porém, rapidamente degenerou no meio de grandes escândalos de corrupção, gestão danosa e pilhagem oligárquica do erário nacional e dos recursos públicos que levaram à condenação do antigo vice-presidente e à queda do regime. Novas eleições resultaram num novo regime, que tentou manter ligações com os EUA e com a Rússia através de acordos económicos, embora continuasse com muitas das características odiosas (grande corrupção endémica) do regime anterior. Os EUA e a UE, depois de terem perdido em eleições democráticas, relançaram as suas 'organizações de acção directa' com um novo programa radical. Os neofascistas tomaram o poder e instituíram uma junta ditatorial através de manifestações violentas, vandalismo, assaltos armados e acção da populaça. A composição da nova junta pós-golpe reflectiu dois aspectos das organizações políticas apadrinhadas pelos EUA; (1) políticos neoliberais para gerir a política económica e para forjar laços mais estreitos com a NATO, (2) e nacionalistas neofascistas/violentos para impor a ordem pela força e com mão-de-ferro, e esmagar os 'autonomistas' pró-russos da Crimeia, os russos étnicos e outras minorias, em especial no sul e no leste industrializados.

Seja o que for que vier a acontecer, o golpe e a resultante junta estão totalmente subordinados e dependentes da vontade de Washington: não obstante a reivindicação da 'independência' ucraniana. A junta procedeu à purga dos funcionários governamentais eleitos e nomeados, filiados em partidos políticos do anterior regime democrático e à perseguição dos seus apoiantes. O seu objectivo é garantir que as subsequentes eleições manipuladas proporcionem uma suposta legitimidade, e as eleições sejam limitadas a dois conjuntos de clientes imperiais: os neoliberais (auto-intitulados 'moderados') e os neofascistas, rotulados de 'nacionalistas'.

A via da Ucrânia para o poder imperialista através de um regime colaboracionista ilustra os diversos instrumentos da construção do império: (1) o uso de fundos estatais imperialistas, canalizados através das ONG, para grupos políticos de fachada e a montagem duma 'base de massas' na sociedade civil; (2) o financiamento da acção directa de massas que leva a um golpe ('mudança de regime'); (3) a imposição de políticas neoliberais pelo regime cliente; (4) o financiamento imperialista da reorganização e reagrupamento de grupos de acção directa de massas depois da queda do primeiro regime cliente; (5) a transição dos protestos para uma acção directa violenta como o principal pano de fundo para os sectores extremistas (neofascistas) organizarem a tomada do poder e a purga da oposição; (6) a organização de uma 'campanha internacional nos meios de comunicação' para apoiar a nova junta enquanto demoniza a oposição interna e internacional (Rússia); e (7) um poder político centralizado nas mãos da junta, convocando 'eleições manipuladas' limitadas à vitória de um dos dois candidatos pró-junta e pró-imperialistas.

Em resumo, os construtores do império funcionam em vários níveis: violento e eleitoral; social e político; e com operadores seleccionados e rivais empenhados num único objectivo estratégico: a tomada do poder estatal e a transformação da elite dominante em vassalos obedientes do império.

Democracia dos Esquadrões de Morte da Colômbia: Peça central do avanço imperialista na América Latina

Perante o declínio da influência dos EUA em todo a América Latina, a Colômbia destaca-se como um bastião permanente dos interesses imperialistas dos EUA: (1) a Colômbia assinou um acordo de comércio livre com os EUA; (2) ofereceu sete bases militares e convidou milhares de operacionais americanos da contra-insurreição; e (3) colaborou na criação em grande escala de esquadrões de morte paramilitares preparados para ataques transfronteiriços contra a Venezuela, arqui-inimiga de Washington.

A oligarquia dirigente da Colômbia e as suas forças armadas conseguiram resistir à vaga de levantamentos maciços democráticos, nacionais e populares e de vitórias eleitorais que deram origem aos estados pós-neoliberais no Brasil, na Argentina, na Venezuela, no Equador, na Bolívia, no Paraguai e no Uruguai.

Enquanto a América latina avançou para 'organizações regionais' excluindo os EUA, a Colômbia reforçou os laços com os EUA através de acordos bilaterais. Enquanto a América latina reduziu a sua dependência nos mercados dos EUA, a Colômbia alargou os seus elos comerciais. Enquanto a América latina reduziu os seus laços militares com o Pentágono, a Colômbia reforçou-os. Enquanto a América latina avançou para uma maior inclusão social aumentando os impostos sobre as multinacionais estrangeiras, a Colômbia baixou os impostos a essas empresas. Enquanto a América latina expandiu a colonização de terras para as suas populações rurais sem terra, a Colômbia deslocou mais de 4 milhões de camponeses, no âmbito da política contra-insurreição de 'terra queimada', traçada pelos EUA.

A 'excepcional' submissão inabalável da Colômbia aos interesses imperialistas dos EUA tem raízes em vários programas de grande escala e a longo prazo traçados em Washington. Em 2000, o presidente Bill Clinton comprometeu os EUA num programa contra-insurreição de 6 mil milhões de dólares (Plano Colômbia) que aumentou enormemente a brutal capacidade repressiva da elite colombiana para confrontar os movimentos populares de base de camponeses e trabalhadores. Juntamente com armamento e treino, as Forças Especiais e as ideologias americanas entraram na Colômbia para desenvolver operações terroristas militares e paramilitares – destinadas principalmente para penetrar e dizimar a oposição política e os movimentos sociais da sociedade civil e assassinar activistas e líderes. Alvaro Uribe, apadrinhado pelos EUA, um conhecido narcotraficante e a própria personificação de um vassalo imperialista desumano, tornou-se o presidente duma 'Democracia de Esquadrões de Morte'.

O presidente Uribe militarizou ainda mais a sociedade colombiana, trucidou os movimentos da sociedade civil e esmagou qualquer possibilidade de um renascimento democrático popular, como os que estavam a ocorrer em todo o resto da América latina. Foram assassinados, torturados e encarcerados milhares de activistas, sindicalistas, defensores dos direitos humanos e camponeses.

O 'Sistema Colombiano' aliou o uso sistemático de paramilitares (esquadrões da morte) para esmagar os sindicatos locais e regionais e a oposição camponesa com a 'tecnificação' e a massificação das forças armadas (mais de 300 mil soldados) na luta contra a insurreição popular e para 'limpar o terreno' de simpatizantes rebeldes. Muitos milhares de milhões de dólares do tráfico da drogas e da lavagem de dinheiro formaram a 'cola financeira' para cimentar uma forte relação entre oligarcas, políticos, banqueiros e conselheiros americanos da contra-insurreição – criando um terrível estado policial com alta tecnologia nas fronteiras da Venezuela, do Equador e do Brasil – países com substanciais movimentos de massas populares.

A mesma máquina de estado terrorista, que dizimou os movimentos sociais pró-democracia, protegeu, promoveu e participou em 'eleições encenadas', a marca da Colômbia enquanto 'democracia de esquadrões de morte'.

As eleições realizam-se ao abrigo de uma vasta rede sobreposta de bases militares, em que os esquadrões da morte e os traficantes de droga ocuparam cidades e aldeias intimidando, aterrorizando e 'corrompendo' o eleitorado. O único protesto 'seguro' nesta atmosfera repressiva tem sido a abstenção. Os resultados eleitorais são pré-estabelecidos: os oligarcas nunca perdem nas democracias de esquadrões de morte, são eles os vassalos de maior confiança do império.

Os efeitos cumulativos da purga sangrenta, que durou década e meia, da sociedade civil colombiana pelo presidente Uribe e pelo seu sucessor, Santos, foram eliminar qualquer oposição eleitoral consequente. Washington conseguiu o seu ideal: um estado vassalo estável; umas forças armadas de grande escala e obedientes; uma oligarquia ligada às elites empresariais dos EUA; e um sistema 'eleitoral' controlado apertadamente que nunca permite a eleição de um opositor genuíno.

As eleições colombianas de Março de 2014 ilustram brilhantemente o êxito da intervenção estratégica dos EUA em colaboração com a oligarquia: a grande maioria do eleitorado, mais de dois terços, absteve-se, demonstrando a ausência de qualquer real legitimidade entre os votantes elegíveis. Entre os que 'votaram', dez por cento apresentaram boletins nulos ou em branco. A abstenção dos votantes e os votos inutilizados foram especialmente elevados nas áreas da classe trabalhadora que tinham sido sujeitas ao terrorismo do estado.

Dada a intensa repressão do estado, a massa dos votantes decidiu que nenhum partido autêntico pró-democracia teria qualquer hipótese e por isso recusaram-se a legitimar o processo. Os 30% que votaram foram principalmente colombianos da classe urbana média e alta e os residentes nalgumas áreas rurais totalmente controladas por narcotraficantes e militares onde a 'votação' pode ter sido 'compulsiva'. De um total de 32 milhões de votantes elegíveis na Colômbia, 18 milhões abstiveram-se e mais 2,3 milhões apresentaram boletins inutilizados. As duas coligações oligárquicas dominantes chefiadas pelo presidente Santos e pelo ex-presidente Uribe obtiveram apenas 2,2 milhões e 2,05 milhões de votos, respectivamente, uma fracção do número dos que se abstiveram. Nesta farsa eleitoral, amplamente criticada, os partidos centro-esquerda e esquerda deram um espectáculo miserável. O sistema eleitoral da Colômbia põe um revestimento de propaganda num estado vassalo perigoso, altamente militarizado e preparado para desempenhar um papel estratégico nos planos dos EU para 'reconquistar' a América latina.

Duas décadas de terror sistemático, financiado por um programa de militarização de seis mil milhões de dólares, garantiram que Washington não encontrará qualquer oposição substancial na assembleia legislativa ou no palácio presidencial em Bogotá. Isto é o 'aroma acre do êxito, com laivos de pólvora' para os políticos dos EUA: a violência é a parteira do estado vassalo. A Colômbia foi transformada num trampolim para o desenvolvimento de um bloco comercial centrado nos EUA e uma aliança militar para sabotar as alianças regionais bolivarianas da Venezuela, como a ALBA e a Petro Caribe, assim como a segurança nacional da Venezuela. Bogotá vai tentar influenciar os regimes vizinhos de direita e centro-esquerda, pressionando-os para aderirem ao império dos EUA contra a Venezuela.

Conclusão

A organização da subversão em grande escala e a longo prazo na Ucrânia e na Colômbia, assim como o financiamento de organizações paramilitares e da sociedade civil (ONG), têm possibilitado a Washington:   (1) construir alianças estratégicas;   (2) montar ligações a oligarcas, políticos maleáveis e assassinos paramilitares e   (3) aplicar o terrorismo político para a sua tomada de poder estatal. Os planeadores imperialistas criaram assim 'estados modelo' – desprovidos de opositores consequentes e 'abertos' a eleições de farsa entre políticos vassalos rivais.

Golpes e juntas, orquestrados por políticos mandatados de longa data, e estados fortemente militarizados dirigidos por 'Executivos de Esquadrões da Morte' são legitimados por sistemas eleitorais destinados a expandir e reforçar o poder imperialista.

Ao tornar impossíveis os processos democráticos e as reformas populares pacíficas e ao derrubar governos independentes, democraticamente eleitos, Washington está a tornar inevitáveis guerras e levantamentos violentos.
 
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
 

 

sexta-feira, 21 de março de 2014

A grande fraude da dívida

aqui:http://www.revistarubra.org/grande-fraude-da-divida/
Disse há poucos dias, num programa de TV, sobre a dívida pública, que quem produz 100 não pode pagar 130. Contestaram, dizendo que pode. É evidente que pode. Até podemos pagar 140 ou 150. A questão é: como?
O património privado foi efectivamente desvalorizado na crise de 2008 – chama-se a isso correr riscos. Aliás, se os Portugueses tivessem poupado em vez de consumido tinham visto as suas poupanças desvalorizadas, porque foi isso que aconteceu: desvalorização real da propriedade privada. Mas os novos “empresários” não correm riscos: chamaram o Estado e pediram ao Estado para assumir essas perdas. E o Estado disse que sim, emitiu dívida, que passou de 70% para 130% do PIB. E para pagar essa emissão de divida destruiu os salários e as pensões e colocou à venda o património público realmente rico e valorizado (privatizações). A dívida pública é isto: um negócio privado que faliu, cujos lucros nunca foram públicos mas os prejuízos foram imediatamente socializados – uma espécie de “comunismo só para os ricos”, como alguém jocosamente lhe chamou.
Antes do «como?», vamos esclarecer alguns passos indiscutíveis: há três obras publicadas em Portugal – cujos estudos jamais foram contestados por alguém – que explicam, com detalhe (incluindo despesas de pessoal e até compra de papel ou agrafos!), que os Portugueses pagam todo o Estado social e que a dívida dever ser alocada às mais-valias imobiliárias, aos negócios da banca e às PPPs. O nosso livro Quem Paga o Estado Social em Portugal?, o livro de Carlos Moreno sobre as PPP (Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro), o livro de Paulo Morais sobre a crise (Da Corrupção à Crise. Que Fazer?) e o estudo, também notável, de Pedro Bingre do Amaral sobre as mais-valias imobiliárias provam que a dívida é um negócio privado cuja essência não diz respeito aos gastos da grande maioria dos Portugueses. A comunicação social dar 10 minutos de tempo de antena a estes trabalhos e 12 horas a comentadores que não avançam um único facto, um único argumento sólido e têm um CV que se resume a escreverem em blogues e terem colunas de opinião não invalida em nada este facto. Uma mentira mil vezes repetida não passa a ser verdade.
A maioria dos Portugueses não deve nada ao Estado, suporta todas as funções sociais, é responsável pelo pagamento de 75% de todos os impostos e é por isso credora do Estado: o Estado deve-lhes os salários, as reformas, a educação de qualidade, saúde digna, cultura e lazer.
Vamos agora ao «como?».
Se assumíssemos uma taxa de crescimento de 2% e um juro real da dívida de 3,7% (o que é um cenário optimista) e pressupondo que a dívida se manteria nos 128% (ou seja, nem sequer a abatíamos), então o saldo primário teria de ser de cerca de 2% do PIB. Isso implica que o Estado teria que gastar menos do que o que arrecada no equivalente a 2% do PIB ainda que depois de pagar os juros se registe défice (o Estado prevê gastar o equivalente a 4,4% do PIB em juros da dívida em 2014). Claro que criamos um cenário fantasioso para demonstrar que mesmo numa condição de crescimento otimista, este crescimento estaria longe de ser para todos . Essa é, portanto, a fórmula para, na melhor das hipóteses, perpetuar o inferno dos trabalhadores e pensionistas portugueses. Enquanto se puder esvaziar os bolsos dos Portugueses e o património público, a dívida é pagável.
O problema não acaba aqui, porém. Estes senhores, para quem a história não existe, olvidam que a crise económica mundial inflectiu-se por volta de 2009 nos países mais ricos e que os choques cíclicos ocorrem, desde os anos 20 do século XIX, com períodos de cerca de 6/7 anos. Isto é, daqui a pouco tempo estaremos a assistir a outra crise. Até lá, ou o BCE consegue aumentar a taxa de juros de referência de forma sustentada para níveis do período anterior à última crise, o que fará os juros da dívida portuguesa subir ainda mais, ou entraremos na próxima crise sem mecanismos de política contra cíclica, ou seja, sem a possibilidade de baixar a taxa de juros para criar liquidez e “dinamizar a economia”. Numa economia voltada para exportações isto significa a paralisia generalizada. É fácil de perceber que para os trabalhadores portugueses, qualquer que seja a política do BCE é sempre um inferno a somar a outro inferno.
Podemos, em alternativa, suspender a dívida pública e colocar sob controle público o sistema bancário e financeiro, deixando a quem fez os negócios os riscos e os prejuízos. É arriscado? Claro que sim, mas é mais arriscado manter esta política que vai rebentar em menos de uma década com o país, incluindo com os empreendedores jovens que a defendem, porque a política de exportações não sobreviverá à próxima crise cíclica.
Podemos reconverter Portugal à indústria de guerra, transformar a AutoEuropa em fábrica de tanques e 1 milhão e 400 mil desempregados em soldados e pagamos 160, 170, o que for necessário. É ver a dívida dos EUA, que a nenhum empresário incomoda porque está assente na maior indústria de guerra da história: os EUA saíram da crise em 2009 com metade da produção da IBM, General Electric e Boeing a ser dedicada, directa ou indirectamente (bombas, electrónica ou capas de sofás de aviões) à guerra. Não podemos esquecer que o sonho do crescimento em Portugal – chegou a taxas de 7% e mais – foi entre 1960 e 1973. Tirando alguns pormenores – expulsaram-se milhares de camponeses do campo para a cidade, produziu-se material bélico e fez-se uma guerra contra os povos de África durante 13 anos, expulsou-se 1 milhão e meio de pessoas, em emigração, aguardando as remessas que sobravam, porque dormiam rodeados de ratos em bairros de lata –, a produtividade aumentou e claro que assim podemos pagar.
Até podemos pagar mais, sobretudo enquanto jovens sem qualquer conhecimento sobre a economia ou a sociedade continuarem a ser tropa de choque, acarinhada, de um sistema que desde 2008 tem espalhado a miséria como panfletos que caem do céu e explicam, no meio de uma guerra, que «está tudo bem, estamos a vencer».
- See more at: http://www.revistarubra.org/grande-fraude-da-divida/#sthash.8Gx1nr1w.dpuf

Russia wants War

Venezuela

domingo, 16 de março de 2014

Um escândalo silenciado O Programa dos Estados Unidos para a deserção de Cooperantes médicos cubanos

por José Manzaneda

A solidariedade cubana prestada a outros países através da deslocação de dezenas de milhares de médicos e outros profissionais de saúde constitui um dos mais notáveis exemplos de internacionalismo do nosso tempo. A essa incomparável acção humanitária o imperialismo responde com os mais rasteiros métodos mafiosos. 

Uma das iniciativas mais mesquinhas na guerra de desgaste do governo dos Estados Unidos contra Cuba chama-se Cuban Medical Professional Parole. É o programa do Departamento de Estado que procura a deserção e compra de profissionais médicos que integram as brigadas de solidariedade cubana no mundo.

Um verdadeiro escândalo moral de que os grandes meios de comunicação têm todos os pormenores, mas de que preferem nada informar. Mencionar esse assunto tão lamentável obrigá-los-ia a citar dados sobre o gigantesco trabalho solidário de Cuba no campo médico. Por exemplo: este país tem mais de 37 mil cooperantes da saúde em 77 nações pobres, o mais elevado número do mundo; que cobre 45% dos programas de cooperação Sul-Sul na América Latina; ou 40% da atenção contra a cólera no Haiti; que operou à vista, gratuitamente, um milhão e meio de pessoas sem recursos; ou que subsidia actualmente quase 4 mil estudantes de medicina procedentes de 23 países, incluindo alguns dos Estados Unidos.

Que tudo isso seja oferecido por um país pobre e bloqueado como Cuba é demasiado espectacular para ser dado a conhecer à opinião pública, que apenas sabe das suas carências e défices.

O Cuban Professional Parole é uma iniciativa que coordena, desde o ano de 2006, o Departamento de Estado e o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Tal como se pode ler na sua página Web, oferece tratamento especial nas embaixadas norte-americanas em qualquer país do mundo e uma via rápida para entrar nos Estados Unidos, a profissionais médicos e de enfermagem, fisioterapeutas, técnicos de laboratório e treinadores desportivos integrados nas missões médicas cubanas.

Um telegrama da embaixada norte-americana em Caracas, filtrado pela Wikileaks, dá mais detalhes, tais como — as missões diplomáticas facilitam o transporte para Miami em aviões especiais aos que entrarem nesse programa.

O jornal The Wall Street publicou em Janeiro de 2011 uma reportagem, propagandística, em que assegurava que 1.574 cooperantes tinham entrado no citado programa em 65 países diferentes, nos quatro anos e meio que levava de existência. O número parece elevado, mas vamos fazer um cálculo simples para avaliar o impacto real da iniciativa. Se levarmos em conta que, como afirmava o jornal, só num ano (2010), havia mais de 17 mil cooperantes cubanos, e que o período de permanência no exterior — embora variado, segundo a missão — é de mais ou menos dois anos, nos referidos 4 anos e meio Cuba teria enviado para o exterior pelo menos 83 mil profissionais médicos. Os 1.574 médicos perfazem assim 1,89% do total. Estes resultados são um fracasso claro, se calcularmos que a iniciativa conta com dinheiro federal e centenas de funcionários, que é apoiada por todas as embaixadas dos Estados Unidos, e que conta com poderoso aliados políticos e mediáticos em vários países.

Não é por acaso que o maior número de profissionais que entrou no programa trabalhou na Venezuela. Nesse país está o maior número de cooperantes médicos cubanos, integrado em comunidades desfavorecidas dentro do programa de saúde Missão BairroAdentro. É evidente que existe, neste caso, um objectivo adicional: minar o prestígio social da Missão Bairro adentro, possivelmente o programa social com maior sucesso do governo Hugo Chávez, onde a cooperação médica de Cuba continua a ser a pedra angular.

Esta iniciativa do governo dos Estados Unidos incide na utilização do tema da emigração cubana com o fim de desestabilização social e politica. Recordemos que uma lei de 1966, A Lei de Ajuste Cubano, outorga a todo o cubano que pise o território norte-americano autorização de residência e numerosas vantagens laborais e sociais, algo negado ao resto da emigração latino-americana, a que se aplica uma política sistemática de expulsão. Apesar disso, os números da emigração cubana nos Estados Unidos são claramente inferiores aos dos outros países da área.

O programa de captação de médicos cubanos conta com o apoio, directo ou indirecto, de outros factores. Em primeiro lugar, o dos grandes meios de comunicação. A grande imprensa privada dos países onde mais incide a ajuda cubana, como a Venezuela, Nicarágua ou Bolívia, silenciam o grande impacto social dos citados programas médicos, enquanto dão uma extraordinária cobertura ao abandono de um só dos médicos cubanos.

A partir de Miami, supostas «organizações não-governamentais» também apoiam o programa de captação de médicos. É o caso de «Solidariedade sem Fronteiras», que denomina «Bairro afora» a sua colaboração particular com o governo dos Estados Unidos. Na sua web facilita até os impressos que os médicos devem preencher, e as direcções de consulados e embaixadas dos Estados Unidos a que se devem dirigir.

Esta organização apoiou até a demanda de vários médicos cubanos desertores, no Tribunal Federal de Miami, contra a companhia venezuelana de petróleo PDVSA, da quem reclamam 450 milhões de dólares, como indemnização ao que chamam «trabalhos forçados», ou trabalho de «modernos escravos», expressões com que definem o trabalho de medicina solidária que exerceram em bairros e comunidades rurais desfavorecidos na Venezuela, lugares para onde de certeza ninguém os obrigou a viajar. Devemos lembrar que a cooperação médica cubana na Venezuela tem características especiais em relação a outros programas de ajuda médica cubana: faz parte de um acordo bilateral em que Cuba fornece milhares de profissionais de saúde, educação, desporto, agricultura e outros sectores, e a Venezuela envia para a ilha petróleo em condições especiais.

Apesar do silêncio mediático Cuba conseguiu, com os seus programas de solidariedade internacional, um grande prestígio entre populações e governos de numerosos países do Terceiro Mundo. Para o destruir, o governo dos Estados Unidos utiliza todo o seu potencial económico e diplomático. Entretanto, os grandes meios de comunicação, esquecendo o seu objectivo social, continuam a silenciar tudo isto: o exemplo de solidariedade internacional que Cuba oferece ao mundo e a existência de uma das iniciativas de diplomacia suja mais imorais e escandalosas dos últimos tempos.

Fonte: Cubadebate

aqui:http://www.odiario.info/?p=3214

Reservas-ouro da Ucrânia evacuadas secretamente

Ucrânia: a informação que a imprensa corporativa não mostra

terça-feira, 11 de março de 2014

Crises, os desenlaces possíveis


 por Jorge Figueiredo

 Ninguém a culpar pelas crises!
Sobre nós, imutáveis e inescrutáveis, dominam
As leis da teoria económica.
E catástrofes naturais repetem-se
Em ciclos terríveis. 
 
Bertold Brecht, Santa Joana dos Matadouros

Na linguagem corrente, quando se fala em saída da crise a maioria das pessoas pensa na recuperação dos níveis de emprego e de crescimento. No entanto, na óptica da classe dominante, saída da crise significa outra coisa:   trata-se, sim, do restabelecimento da taxa de lucro para os níveis que consideram normais. Esta ambiguidade de linguagem tem sido útil para os comentaristas económicos que grassam na TV portuguesa: tais confusões facilitam o trabalho deles de desinformação.

Há numerosas saídas possíveis de uma crise económica mas isso raramente é mencionado. Uma boa tipologia para caracterizar as possíveis saídas de uma crise é examinar o que se segue à descida ao "fundo do poço". Grosso modo, os gráficos assemelham-se às seguintes letras:

. A saída em V é a clássica dos ciclos de conjuntura normais do capitalismo. Depois de atingir o mínimo há uma vigorosa retomada das taxas de lucro (e consequentemente do produto e do emprego). Foi este tipo de saída que se verificou ao longo dos 30 anos gloriosos que se seguiram à II Guerra. Era o tempo em que os economistas do sistema tinham a pretensão de poder controlá-lo e a arrogância de pensarem que o mérito das saídas era deles próprios. Assemelhavam-se à história daquele galo que pretendia que o Sol nascia pela manhã porque ele emitia o seu cocoricó. Na época dos ciclos "certinhos", alguns economistas do sistema até ousavam afirmar que tinham o poder de fazer a "sintonia fina" (fine tuning) da economia nacional. As realidades que se seguiram aos anos 70 desmentiram tais basófias.

. A saída em L é a longa depressão. Foi o que sucedeu a partir da crise de 1929, uma crise da taxa de lucro. Não havia investimento porque os retornos não atraíam os capitalistas investidores. A longa depressão só acabou devido à II Guerra. A gigantesca destruição de activos fixos verificada – e a contenção forçada da procura de bens civis – possibilitou, no pós guerra, a tão almejada recuperação da taxa de lucro sobre o investimento. Isto não significa dizer que só uma guerra possa restabelecer a taxa de lucro e por fim à crise (a grande crise de 1870 acabou sem guerra). No entanto, a actuação prática do imperialismo após o fim da URSS não descarta esta possibilidade. As provocações contra a Rússia (cerco pelos mísseis da NATO, Ucrânia, ...) e contra a China (o que Hillary Clinton chama de "contenção" na Ásia-Pacífico) apontam nesse sentido: mostram que a classe dominante das potências imperiais não põe de lado esta saída de emergência.

. A saída em W é surpreendente e frustrante. Após o fundo do poço há uma retomada que dá a esperança de uma saída em V. Mas logo a seguir, por vezes sem chegar a recuperar o nível anterior da crise, há um novo mergulho. É assim que após o colapso de 2008 (bancarrota do Lehman Brothers, subprimes, crise hipotecária, etc) em 2011 houve uma ligeira recuperação que deixou muita gente eufórica – e a seguir novo afundamento. Diga-se de passagem que a actual recuperação será mais complicada e difícil que a dos anos 30 do século XX pois não basta destruir activos fixos para acabar com ela: será necessário também destruir o capital fictício acumulado pela financiarização do capitalismo (financiarização essa determinada pela queda da taxa de lucro nas actividades da economia real). A luta pela paz continua portanto na ordem do dia.

. A saída em raiz quadrada é outra possibilidade preocupante. Depois de chegar ao fundo do poço há uma recuperação que deixa todos eufóricos – mas esta recuperação é muito pequena e não consegue sequer atingir os níveis de produção anteriores à crise. Ou seja, a economia permanece estagnada num nível apenas um pouco superior ao do fundo do poço. Actualmente esta parece uma possibilidade bastante real. A classe dominante não consegue restabelecer as taxas de lucro dos "bons tempos" e portanto continua a retrair-se no investimento e a desviar recursos para a financiarização (o que aumenta o stock de capital fictício).

Tudo indica que esta perspectiva é a que mais se aproxima do panorama actual. Ela vem confirmar a grande descoberta de Paul Sweezy de que a tendência imanente do capitalismo na sua fase monopolista é no sentido da estagnação. Assim, o que realmente deve ser explicado não é porque há estagnação e sim porque há crescimento. A descoberta notabilíssima de Sweezy foi feita numa época em que a tendência estagnacionista mal se manifestara, o que aumenta o seu mérito científico.

. Uma variação possível da saída anterior poderia ser chamada de raiz ondulante . Isso significa que na fase da recuperação haverá fortes e contínuas oscilações. Esta possibilidade parece bastante real quando se considera o Pico Petrolífero (Peak Oil). A estagnação da produção de petróleo levará a um aumento tendencial do preço do barril pois as reservas do petróleo de baixo custo (o convencional) que estão agora a ser exploradas já estão na fase de esgotamento. Os novos petróleos de alto custo (deep offshore, shale, etc) têm de ser vendidos a preços mais altos. Mas há um limite para o preço mais alto que a economia pode suportar. Assim, poderá verificar-se uma situação de para-arranca (stop & go): cada ligeiro início de recuperação poderá ser travado por nova alta do barril, o pequeno afundamento que se segue travará esta alta e assim por diante.

Em suma: o capitalismo já ultrapassou a sua data de validade e está agora em metásteses, em meio a convulsões. Nesta fase de decadência todas as saídas são más para os povos. O sistema já não pode ser consertado, apenas prolongado por meio de cuidados cada vez mais intensivos. O mundo velho está podre, mas o mundo novo – o socialismo – ainda não tem forças para nascer. As tentativas desesperadas da classe dominante de restabelecer a taxa de lucro – e ela é capaz dos maiores crimes para alcançar esse objectivo – ameaçam de extermínio a maior parte da humanidade. A Terceira Guerra Mundial pode não ser um cenário de ficção.
 
Ver também:

  • Tendências, disparadores e tulipas , Michael Roberts

  • Por que caem as taxas de juro das obrigações do tesouro? , Manuel Brotas
    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .  
  • A Grécia encurralada

    É tempo de terminar com a intromissão ocidental na Bósnia

    Ex-jurista do Banco Mundial revela como a elite domina o mundo

    Instituto Humanitas Unisinos - Karen Hudes, ex-informante do Banco Mundial, despedida por ter revelado informação sobre a corrupção no banco, explicou com detalhes os mecanismos bancários para dominar nosso planeta.



    A reportagem é publicada pelo sítio RT, 03-03-2014. A tradução é do Cepat.

    Karen Hudes (foto),
    graduada pela escola de Direito de Yale, trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial durante 20 anos. Na qualidade de 'assessora jurídica superior', teve suficiente informação para obter uma visão global de como a elite domina o mundo. Desse modo, o que conta não é uma 'teoria da conspiração' a mais.

    De acordo com a especialista, citada pelo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo hermético de instituições financeiras e de gigantes corporações para dominar o planeta.

    Citando um explosivo estudo suíço de 2011, publicado na revista 'Plos One' a respeito da "rede global de controle corporativo", Hudes enfatizou que um pequeno grupo de entidades, em sua maioria instituições financeiras e bancos centrais, exerce uma enorme influência sobre a economia internacional nos bastidores. "O que realmente está acontecendo é que os recursos do mundo estão sendo dominados por esse grupo", explicou a especialista com 20 anos de trabalho no Banco Mundial, e acrescentou que os "capturadores corruptos do poder" também conseguiram dominar os meios de comunicação. "Isso é permitido a eles", assegurou.

    O estudo suíço que mencionou Hudes foi realizado por uma equipe do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique. Os pesquisadores estudaram as relações entre 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo e descobriram que existe uma "super-entidade" de 147 megacorporações muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.

    Contudo, as elites globais não controlam apenas essas megacorporações. Segundo Hudes, também dominam as organizações não eleitas e que não prestam contas, mas, sim, controlam as finanças de quase todas as nações do planeta. São o Banco Mundial, o FMI e os bancos centrais, como a Reserva Federal Estadunidense, que controla toda a emissão de dinheiro e sua circulação internacional.

    O banco central dos bancos centrais

    A cúpula desse sistema é o Banco de Compensações Internacionais: o banco central dos bancos centrais.

    "Um organização internacional imensamente poderosa da qual a maioria nem sequer ouviu falar controla secretamente a emissão de dinheiro do mundo inteiro. É o chamado Banco de Compensações Internacionais [Bank for International Settlements]. Trata-se do banco central dos bancos centrais, localizado na Basileia, Suíça, mas que possui sucursais em Hong Kong e na Cidade do México. É essencialmente um banco central do mundo não eleito, que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (...). Hoje, 58 bancos centrais em nível mundial pertencem ao Banco de Compensações Internacionais, e tem, em muito, mais poder na economia dos Estados Unidos (ou na economia de qualquer outro país) que qualquer político. A cada dois meses, os banqueiros centrais se reúnem na Basileia para outra 'Cúpula de Economia Mundial'. Durante essas reuniões, são tomadas decisões que atingem a todo homem, mulher e criança do planeta, e nenhum de nós tem voz naquilo que se decide. O Banco de Compensações Internacionais é uma organização que foi fundada pela elite mundial, que opera em benefício da mesma, e cujo fim é ser uma das pedras angulares do vindouro sistema financeiro global unificado".

    Segundo Hudes, a ferramenta principal de escravizar as nações e Governos inteiros é a dívida.

    "Querem que sejamos todos escravos da dívida, querem ver todos os nossos Governos escravos da dívida, e querem que todos os nossos políticos sejam adictos das gigantes contribuições financeiras que eles canalizam em suas campanhas. Como a elite também é dona de todos os principais meios de informação, esses meios nunca revelarão o segredo de que há algo fundamentalmente errado na maneira como funciona nosso sistema", afirmou.

    aqui:http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/46766-ex-jurista-do-banco-mundial-revela-como-a-elite-domina-o-mundo.html


    segunda-feira, 10 de março de 2014

    O saque da Ucrânia começou

    De acordo com um relatório no Kommersant-Ucrânia, o Ministério das Finanças dos fantoches de Washington em Kiev, que estão fingindo ser um governo, preparou um plano de austeridade econômica que vai cortar pensões ucranianas de US $160 para US $80 para que os banqueiros ocidentais que emprestaram dinheiro para a Ucrânia possam ser reembolsados às custas dos pobres da Ucrânia. Repete-se o que aconteceu na Grécia.

     Esta defensora da adesão da Ucrânia à UE recebeu sua recompensa: um corte de 50% em sua pensão.

    Antes que qualquer coisa semelhante a estabilidade e legitimidade seja obtida para o governo fantoche, colocado no poder pelo golpe orquestrado por Washington contra o governo legítimo, eleito da Ucrânia, os saqueadores ocidentais já estão a trabalhar. Manifestantes ingênuos que acreditaram na propaganda de que a adesão à UE ofereceria uma vida melhor vão perder metade de sua aposentadoria em abril. Mas isso é só o começo.

    Os meios de comunicação Ocidentais corruptos descrevem empréstimos como "ajuda". No entanto, os 11 bilhões de euros que a UE está oferecendo a Kiev não são ajuda. São um empréstimo. Além disso, ele vêm com muitas condições, incluindo a aceitação por Kiev de um plano de austeridade do FMI.

    Lembre-se, agora: crédulos ucranianos participaram dos protestos que foram usados para derrubar o governo eleito, porque eles acreditaram que nas mentiras ditas por ONGs financiadas por Washington que, uma vez que aderissem à UE, teriam ruas pavimentadas com ouro. Em vez disso, eles estão recebendo cortes em suas pensões e um plano de austeridade do FMI.

    O plano de austeridade vai cortar os serviços sociais, os fundos para a educação, dispensar trabalhadores do governo, desvalorizar a moeda e, assim, aumentar os preços de importação que incluem o gás russo e a electricidade, e vai expor os recursos ucranianos a aquisição pelas corporações ocidentais.

    As terras agrícolas da Ucrânia vão passar para as mãos do agronegócio americano.
    Uma parte do plano de Washington e da UE para a Ucrânia, ou aquela parte da Ucrânia que não desertou para a Rússia, foi bem sucedida. O que resta do país vai ser completamente saqueado pelo Ocidente.

    A outra parte não funcionou tão bem. Os fantoches ucranianos de Washington perderam o controle dos protestos para os ultra-nacionalistas organizados e armados. Esses grupos, cujas raízes remontam àqueles que lutaram por Hitler na 2ª Guerra Mundial, se engajaram em palavras e atos que fizeram o leste e o sul da Ucrânia clamarem para serem anexados de volta à Rússia à qual pertenciam antes da década de 1950 quando o partido comunista soviético os anexou à Ucrânia.

    No momento em que este artigo está sendo escrito, a Crimeia está se separando da Ucrânia. Washington e seus fantoches da OTAN não podem fazer nada mas bufar e ameaçar com sanções. O bobo da Casa Branca tem demonstrado a impotência da "superpotência única dos EUA" emitindo sanções contra pessoas desconhecidas, sejam lá quem forem, responsáveis por retornar a Crimeia à Rússia, à qual pertenceu por cerca de 200 anos antes de, segundo Solzhenitsyn, um bêbado Khrushchev, de etnia ucraniana, transferir províncias russas meridionais e orientais para a Ucrânia. Tendo observado os acontecimentos na Ucrânia Ocidental, essas províncias russas querem voltar para casa, onde elas pertencem, assim como a Ossétia do Sul não quis ter nada a ver com a Geórgia.
    Os fantoches de Washington em Kiev não podem fazer nada no caso da Crimeia exceto fanfarronar.

    Conforme o acordo Russia-Ucrânia, a Rússia pode colocar 25.000 soldados na Crimeia. O lamento da mídia dos EEUU e da UE de uma "invasão russa de 16.000 tropas" é total ignorância ou cumplicidade nas mentiras de Washington. Obviamente, a mídia dos EUA e da UE é corrupta. Só um tolo iria confiar em seus relatórios. Qualquer mídia que acredite nas coisas que Washington afirma, depois que Bush e Dick Cheney mandaram o Secretário de Estado Colin Powell na ONU para vender mentiras do regime sobre "as armas iraquianas de destruição em massa" que os inspetores de armas haviam dito à Casa Branca que não existiam, é claramente uma prostituta comprada e paga.

    Nas antigas províncias russas da Ucrânia Oriental, a abordagem discreta de Putin à ameaça estratégica que Washington tem trazido para a Rússia tem dado a Washington uma chance de ficar com um grande complexo industrial que serve a economia russa e os militares. As próprias pessoas no leste da Ucrânia estão nas ruas exigindo a separação do governo não eleito que o golpe de Washington impôs-se em Kiev. Washington, percebendo que perdeu a Crimeia devido à sua incompetência, fez seus fantoches de Kiev nomear oligarcas ucranianos, contra quem os protestos de Maiden foram parcialmente dirigidos, a posições de governo nas cidades de Ucrânia oriental. Esses oligarcas têm suas próprias milícias privadas além da polícia e unidades militares ucranianas que ainda estão funcionando. Os líderes dos protestos russos estão sendo presos e desaparecendo. Washington e seus testas-de-ferro da UE, que proclamam o seu apoio à autodeterminação, são apenas a favor da autodeterminação quando ela pode ser orquestrada a seu favor. Portanto, Washington está ocupado no trabalho de extinguir a autodeterminação no leste da Ucrânia.

    Este é um dilema para Putin. Sua abordagem discreta permitiu a Washington tomar a iniciativa no leste da Ucrânia. Os oligarcas Taruta e Kolomoyskiy foram colocados no poder em Donetsk e Dnipropetrovsk e estão conduzindo detenções de russos e cometendo crimes terríveis, mas você nunca vai ouvir isso das presstitutas dos EUA. A estratégia de Washington é prender e lançar ao mar os líderes dos secessionistas, assim não haverá autoridades para solicitar a intervenção de Putin.

    Se Putin tiver drones, ele tem a opção de remover os oligarcas Taruta e Kolomoyskiy. Se Putin deixar Washington reter as províncias russas do leste da Ucrânia, ele terá demonstrado uma fraqueza que Washington vai explorar. Washington vai explorar a fraqueza ao ponto de Washington forçar Putin à guerra.

    A guerra será nuclear.

    Tradução
    Marisa Choguill

    aqui:http://www.voltairenet.org/article182583.html

    A propaganda anti-ucraniana e os misteriosos snaipers

    Os que fecham a porta do vagão

    Publicação em destaque

    Marionetas russas

    por Serge Halimi A 9 de Fevereiro de 1950, no auge da Guerra Fria, um senador republicano ainda desconhecido exclama o seguinte: «Tenh...